segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Amor romântico?

Hoje, conversando com uma amiga, fui questionada a respeito do que eu penso sobre o romantismo. 
Bem, de acordo com minhas últimas vivências posso dizer que esse tão almejado "amor romântico" não passa de pura ilusão. Ilusão que nossa cultura impositora fez questão de nos ensinar. 
Existem alguns fatores importantes para considerarmos à respeito da ideia que se faz do romantismo. A paixão é um deles e, muito importante. 
O muito sábio dito popular nos diz: " A paixão é como uma ampulheta, à medida que enche o coração, esvazia o cérebro". 
Já segundo a psicóloga Regina Navarro Lins: "A paixão pode ser comparada ao estado hipnótico. Há uma fixação no ser amado, o que em alguns casos se torna uma obsessão. Os amantes experimentam um sentimento de incrível plenitude e, simultaneamente, têm a impressão de terem vivido até aquele momento em estado de privação: a presença do outro é fonte de bem-estar que parece ter possibilidades inesgotáveis. É como se novas percepções e emoções enchessem os nossos canais sensoriais, abrindo à alma outra dimensão."
Na minha opinião, o ato de relacionar-se e amar é uma tênue conquista, que se refaz a cada momento. Uma história de respeito à liberdade do outro. A busca contínua de fazer respeitar a própria liberdade. 
Acredito que deve ser construído na existência concreta e não em devaneios, ilusões. E a partir de sua existência, será construído dia a dia. 
Essa construção dependerá fundamentalmente das decisões que cada um tomar, podendo acomodar-se com os fatos, não correndo o risco da liberdade e assim deixando-se tragar pela massa insossa de sentimentos falsos, perdendo sua identidade e assumindo a moral do "social", transformando-se assim no conhecido relacionamento inautêntico, nojento, repleto de vícios e manias, sem coragem para assumir o risco da liberdade.
Caso resolva assumir o verdadeiro risco da liberdade, enfrentará o nada, a possibilidade do fim, que o fará sentir-se angustiado perante o fato de que o fim, seja a morte de todos os projetos e possibilidades, mas após encarar o "tal" desafio, finalmente se tornará autêntico, construindo um relacionamento com essência.
A construção de um relacionamento, do amor em si, acredito que é a partir da liberdade, muito diferente da ilusão de simbiose que encanta e acolhe as inseguranças de tanta gente.
Trata-se de uma tarefa de muita luta, de coragem, responsabilidade e de não temer o terrível desafio que a liberdade impõe com todo o risco de solidão e angústia. Assim, conhecer a realização de sua própria vida, essência concreta na sua história pessoal e não através dos olhos da pessoa amada. Remodelando, aperfeiçoando, criando...escolhendo cada passo do seu caminho.
Estamos sós e sem desculpas, portanto, somos livres. 
O desamparo implica sermos nós a escolher nossas próprias atitudes, o nosso ser, paralelo às angústias. 
O desespero por esse "amor romântico", vem do fato das pessoas não se limitarem apenas a contar com o que depende das suas próprias vontades, um conjunto de probabilidades que torna as suas ações possíveis. Não simplesmente calar-se mas, não alimentar ilusões.
Um relacionamento depende da ação individual de cada um e somente existe na medida em que se realiza. 
Não temos a liberdade, somos a liberdade.
Segundo o filósofo Jean Paul Sartre:"Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores justificações ou desculpas (...) o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não criou a si próprio; e no entanto livre, porque uma vez lançado ao mundo é responsável por tudo quanto fizer..." 
As mulheres, por serem naturalmente mais sensíveis tem bastante participação na construção dessas ilusões. Precisam reconquistar a responsabilidade dentro de uma relação livre, reencontrar-se consigo mesmas e não simplesmente aliar-se à identidade de seus parceiros, sem acessos de possissividade e exclusivismos.
A única propriedade essencial que temos é o nosso livre arbítrio, aquilo que nós próprios escolhemos, assim sendo, deixados sem desculpas pelo que temos e somos. 
Na minha mais sincera opinião o amor é maduro, amigo, generoso e acima de tudo livre.
Devemos ser duramente otimistas, visto que nosso futuro e de nossos relacionamentos está  em nossas mãos!

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